Eu lembro que a gente assistía televisão às 3:00 da madrugada, sem se preocupar com a hora, nem mesmo se a gente fosse acordar cedo no dia seguinte...
Lembro que fazíamos Silk screen e eu NUNCA conseguia imprimir nada...
Lembro que cantávamos no Karaokê mesmo sem cantar muito bem e a gente nem ligava. As vezes nego mas é só fachada, digo que não sinto falta, digo que tá tudo bem, até que me emociono, e a saudade escorre pelos olhos. Os momentos que podemos estar juntos eu aproveito, agarro com unhas e dentes, mas não é todo dia como antes, que eu acordava e você preparava o café para mim, e me consolava quando a mamãe não podia estar ali. E as broncas que me dava quando fazia algo de errado... Sempre fui arteira e ele sempre estava ali, fazendo arte comigo, me empurrava alto no balanço, não deixava que eu caísse, me fez com blocos uma casinha, e um escorregador, me acabava nele, apesar de alto e com medo, sempre ia.
Ele construiu nossa casa e a gente ajudava, eu fazia massa, rebocava, mas gostava mesmo é de pintar, subir na laje e olhar nossa rua, naquele solzão gostoso. Com a piscininha de plástico a gente brincava, ele colocava canos pra cair água, nossa, são tantas lembranças que o tempo não apaga. Eu descia no morro escorregando enquanto ele sentado a minha frente me olhando, e eu me sentia segura, não ia me machucar com ele ali, ele não deixaria.
Pai, eu sei que não temos tanto tempo para recordar aqueles momentos de pequena, mas saiba que ficaram pra sempre na minha memória, no meu coração, e que te amo embora não possa estar presente sempre, nem me preparar café quando eu acordar, mas sempre estarei pensando em ti e o quão é importante pra mim...
s22
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